Eu nunca me preocupei com a morte. Eu acho que era novo demais para isso, nunca pensei que ela chegaria para mim. Então eu fiz 25 anos (sim, ano que criei esse blog).

Nas previsões mais otimistas, 25 anos é um quarto do meu tempo total de vida. Realisticamente, mais do que isso. Sempre fui muito negligente com minha saúde, e se eu não mudar isso, com certeza terei problemas na futuro. Mas eu tento, juto que eu tento.

Quando comecei a levar a sério minha preocupação com a morte, muitas coisas mudaram. Primeiro foi o medo. Eu nunca tive medo de morrer, mas quando comecei a considerar de verdade a chance de eu não acordar vivo amanhã, de repente esse se tornou um medo real. Não porque me arrependo de algo, mas porque pode ser que a morte seja realmente o destino final e não exista nada depois disso. Pior do que o inferno ou um preto eterno onde nunca mais experienciaremos a vida. O nada é muito pior que isso. A não existência é absolutamente amedrontadora, muito pior que qualquer conceito lovecraftiano.

Esse pensamento me fez repensar muito minha religiosidade. Em algum momento escreverei especificamente sobre isso, mas no momento apenas tento me agarrar no espiritismo e na imortalidade da alma.

Mas voltando para a questão prática, pensar na morte me fez tentar mudar alguns comportamentos. Comecei a finalmente escrever um livro. Eu sou uma pessoa extremamente criativa, e acredito que eu escreva bem. Sempre tive muitas ideias para livros, mas nunca tive a coragem de me dedicar a escrever um. Comecei recentemente, ele já tem ganhado algum corpo. É um livro que também fala sobre a morte, assim como esse post. Por conta do tema, só consigo trabalhar nele de madrugada e quando estou no clima certo. Tem semanas que flui muito bem, e escrevo várias páginas. Mas as vezes não consigo entrar no mood e ele fica meio parado, mas estou ok com isso. Não quero sucesso comercial, quero apenas publicar um livro e submeter ele para o prêmio jabuti. Sim, o maior prêmio de literatura brasileira não tem qualquer tipo de critério de participação, você apenas paga uma taxa e pode participar. Nem sequer é muito caro, algo em torno de 400 reais (um terço de salário mínimo para referências futuras, e pode ser parcelado).

Isso que eu comentei de nunca conseguir seguir em frente com as minhas ideias de livro é curioso por conta de um causo que minha mãe me contou. Ela disse que quando eu era bem criança, talvez uns três anos de idade, ela me levou em uma pediatra que provavelmente sem muita base científica fez uma análise do meu comportamento e disse que eu seria uma pessoa que nunca conseguiria focar em uma coisa só, eu não seria bem sucedido em projetos de longo prazo, sempre pularia de uma coisa para outra. Eu não sei se essa mulher fez uma análise muito perfeita minha ou se me amaldiçoou resultando no que sou hoje, mas ela não poderia estar mais certa. Esse comportamento literalmente me descreve e me persegue minha vida toda.

Outra coisa que pensar sobre a morte derivou foi esse blog. Eu parei para pensar sobre como estamos em uma época da humanidade onde podemos coloar todos os nossos pensamentos publicamente online para todas as gerações futuras terem acesso. Penso em um neto (de maneira bem abstrata, pois provavelmente não terei filhos) lendo meu blog e se conectando com a minha personalidade após meu falecimento. Eu posso deixar para as gerações futuras todos os meus gostos, minhas descobertas, minha filosofia. Algo parecido com o que Marco Aurélio fez, mas muito mais diretamente. Então criei esse blog com esse objetivo, de depositar meus pensamentos e minha maneira de viver para que qualquer pessoa no futuro, tenha me conhecido em vida ou não, possa saber quem eu fui. Acredito que seja uma maneira de eu garantir que vou perdurar pela eternidade, mesmo que essa eternidade se limite à existência desse site.

Se você está lendo isso, seja perto da data de publicação ou não, obrigado. Não vou colocar contadores de visitas ou comentários, pois não quero saber se você existe ou não. Mas é por você que estou fazendo esse blog.